Os desafios de acesso à saúde enfrentados pelas pessoas trans no Brasil são numerosos e complexos. Um dos principais obstáculos é o estigma e a discriminação que essas pessoas sofrem nos serviços de saúde. De acordo com dados da UNAIDS, a população trans tem 12 vezes mais chance de infecção pelo HIV do que a população geral, devido à marginalização e à falta de atendimento adequado. Além disso, muitos profissionais de saúde não têm treinamento suficiente para atender às necessidades específicas da população trans, resultando em situações de constrangimento e má qualidade de atendimento (As Nações Unidas em Brasil) (CNN Brasil).
Outro problema significativo é a falta de inclusão das questões trans nos currículos dos cursos de saúde, o que contribui para o despreparo dos profissionais. Relatos indicam que, mesmo quando as questões de saúde não estão relacionadas diretamente à transição de gênero, os profissionais fazem suposições inadequadas, tornando o atendimento desconfortável e muitas vezes inadequado. Por exemplo, a jornalista Lívia Franco Martin, que utiliza os serviços públicos para o monitoramento das suas condições de saúde, afirmou: "Mesmo que a questão que te leve a procurar o serviço não tenha nada a ver com o seu processo de transição ou com a terapia hormonal, já fazem pressuposições sobre você" (CNN Brasil).
A criação de unidades especializadas, como o ambulatório João W. Nery em Niterói, representa um avanço, mas ainda há uma grande necessidade de que os serviços de saúde básicos também sejam inclusivos e acolhedores. A falta de qualificação dos profissionais e a patologização da transexualidade são desafios persistentes que precisam ser enfrentados (CNN Brasil) (MD.Saúde).
Além disso, a exclusão social e a vulnerabilidade aumentam os riscos de problemas de saúde mental e outras condições de saúde para as pessoas trans. Estudos mostram que uma proporção significativa dessa população enfrenta dificuldades para acessar serviços de saúde devido ao medo de discriminação e tratamento inadequado (As Nações Unidas em Brasil). Os dados do estudo citado pelas Nações Unidas no Brasil mostram que a população trans enfrenta uma série de barreiras no acesso a serviços de saúde devido ao estigma e à discriminação. Aqui estão alguns dos principais pontos destacados no estudo:
Educação e Trabalho:
73,4% das pessoas trans participantes do estudo informaram não estar estudando no momento da pesquisa.
Apenas 16,5% têm Ensino Superior completo, em comparação com 30,6% da população cisgênero.
36,7% das pessoas trans entrevistadas se declararam desempregadas, e 63,9% enfrentaram dificuldades para atender às necessidades básicas nos últimos 12 meses.
Saúde:
A população trans tem 12 vezes mais chance de infecção pelo HIV do que a população geral.
31,9% das pessoas trans relataram experiências negativas com profissionais de saúde.
36,3% têm medo de ser maltratadas ou de ter seu estado sorológico revelado sem consentimento.
13,9% já foram vítimas de comentários negativos por parte dos profissionais de saúde.
1,9% da população trans foi agredida fisicamente em unidades de saúde, em comparação com 0,1% da população cisgênero.
43,1% das pessoas trans foram diagnosticadas com alguma infecção sexualmente transmissível no último ano.
Inclusão Social:
57,4% da população trans já foi diagnosticada com ansiedade, depressão ou outros problemas de saúde mental.
33% se afastaram de família ou amigos, 29,8% desistiram de buscar emprego, e 27,7% deixaram de participar de eventos sociais devido à discriminação relacionada à identidade de gênero e ao estado sorológico positivo para HIV (As Nações Unidas em Brasil) (CNN Brasil).
Esses desafios destacam a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a inclusão e a equidade no atendimento à saúde para a população trans no Brasil. A formação adequada dos profissionais de saúde, o respeito ao uso do nome social e a criação de mais serviços especializados são passos essenciais para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
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